quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Goran Bregovic - Ringe ringe raja (Ya ya)

Olá queridos!
Essa é uma música de Goran Bregovic, excelente cantor e compositor sérvio que transforma e reescreve músicas ciganas e folclóricas dos Bálcãs. Essa música está na trilha sonora do excelente filme Underground do também sérvio Emir Kusturica. Esse filme trabalha o tema da guerra misturando elementos de realismo fantástico e mostrando o lado exagerado e pasional dos sérvios. Recomendo os filmes de Kusturica e as canções de  Bregovic.
beijos... 
O caminho

O caminho se faz no caminhar....
E assim a cada momento novos espaços
novas oportunidades
Que construimos sob os nossos desejos

O que faz uma caminhada valer a pena
é saber que temos outros caminheiros
que ao caminhar junto com o nosso caminhar
faz do caminhar mais certeiro

Assim... o caminho se faz no caminhar
em momentos e momentos
em decisões e decisões
em partilhas e partilhas
em construção e construção de novos saberes
de novas realidades
de novas verdades
de novas esperanças
de novas respostas
de novos desejos!

Agradeço à Deus pela oportunidade
de estarmos juntos nesta caminhada
onde a construção é mais que um processo
mais uma conquista de todos
com as bençãos em Deus.

(autora: Eneide Pompiani de Moura)

Dave Brubeck!

Enjoy!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Rapsódia Húngara 2- Franz Liszt

As Rapsódias Húngaras são 19 obras com base em temas do folclore húngaro. O compositor Franz Liszt compôs primeiramente para o piano, instrumento no qual aprsentava grande destaque, e depois compôs versões para orquestra.  Muitas das melodias escutadas nas rapsódias eram executadas por ciganos.
Liszt nos mostra, por meio dessas belíssimas composições, que, apesar de erudito, sentia paixão pelas melodias folclóricas e, acima de tudo, mostra que ambos, erudito e popular, podem e devem se fundir indefinidamente.
Heloísa

Tabacaria- Álvaro de Campos









TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.


Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.


Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.


Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)


Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.


(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)


Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente


Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.


Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.


Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,


Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.


Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.


Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.


Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.


(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.



Álvaro de Campos, 15-1-1928




ESTUDE FILOSOFIA! NADA É COMO ELA!

Curso de Graduação em Filosofia da UCB virtual.
Nota 5 de Reconhecimento do MEC!
Estude Filosofia na UCB virtual e conheça um curso de alto nível como esse blog!

Ode Marítima (Poema recitado de Fernando Pessoa)


Olá queridos,
Poesia é encontro da música com a fala. Por isso, ainda que sempre maravilhoso, Fernando Pessoa recitado consegue ser ainda mehor. Vejam esse poema, sintam uma das faces de Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa...
Nessa poesia marca-se de maneira marcante a agressividade e o futurismo de Álvaro. Futurismo que vai sendo abandonado, em nome de uma tenaz melancolia que abençoa a vida.
beijos,
Roche.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Hamlet - Ato III cena I

O vídeo é uma cena da minissérie "Som e Fúria". É a primeira cena do terceiro ato de Hamlet, na qual o príncipe dinamarquês faz uma reflexão sobre a covardia humana diante da vida e da morte.
Heloísa 

Maria Yudina plays Brahms: 3 Intermezzos, Op. 117 (1/2)

As postagens sobre música são sempre de minha filha Heloísa.
No entanto,como essa é das minhas músicas favoritas, quis deixar esse vídeo, porque ele fala muito de mim.
Brahms dedicou  parte de sua obra ao piano. Aqui vocês poderão desfrutar  os Intermezzos op. 117, sob o talento de Maria Yudina, uma judia russa, considerada das maiores pianistas soviéticas.  
beijos,
Roche.

Poemas Eneide

POESIAS DE ENEIDE Pompiani, aluna do curso de Filosofia

 O que é a FELICIDADE
...
Felicidade
São pequenos momentos
Que fazem a diferença em nossas vidas....
...
Felicidade
É aquela conquista
Que mesmo parecendo imprevista
Chega num de repente
Mais que a muito era esperada...
...
Felicidade
É a plenitude do ser
Que pensando nunca conseguir
Chega o seu devir a ser
...
Felicidade
É uma energia
que contagia
Aqueles que compartilham
O mesmo querer
...
Felicidade
É um estado de ser
Que ao vivencia-lo
Faz do impossível acontecer!
...
Felicidade.... é tudo que queremos TER!



  O Futuro
O FUTURO...
(autora: Eneide Pompiani de Moura)
...
Muitas vezes achamos que ele está distante
Mais por por um instante
ele passa a ser uma realidade!
...
Mas o Futuro está sempre presente!
Mesmo que no presente ele possa parecer distante...
pois, no mesmo momento que se torna presente
outro aparece num mesmo instante...
...
Assim é a vida...
Um constante construir e desconstruir...
Fazendo do Futuro o presente
Para um novo Futuro se tornar novamente presente!
...
O Melhor de tudo!
É SABER que é no Futuro
Que o presente se faz presente!

Texto da aluna Luciana Lamenza

As persistentes tendências de prevalência do ego, em detrimento do mundo e dos outros, nascidas a partir das perspectivas cartesiana e kantiana.
Meu trabalho pretende analisar a questão do ego em Descartes e em Kant e como tal projeto funda a egolatria na modernidade.

Introdução: o que é modernidade?
Em princípio, devo definir brevemente o que é modernidade e como nos situamos hoje na evolução da história da humanidade, do ponto de vista existencial, cultural e social.
Segundo Giddens a definiu, a modernidade refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que posteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência. Hoje, no início do século XXI, muitos argumentam que estamos no limiar de uma nova era, a qual está nos levando para além da própria modernidade. Uma estonteante variedade de termos tem surgido para nomear esta transição, alguns dos quais se referem positivamente à emergência de um novo tipo de sistema social (tal como a “sociedade da informação” ou a “sociedade de consumo”), mas cuja maioria sugere que, mais que um estado de coisas precedente, está chegando a um encerramento (“pós-modernidade”, “pós-modernismo”, “sociedade pós-industrial” e assim por diante). Alguns argumentam que estamos nos deslocando de um sistema baseado na manufatura de bens materiais para outro relacionado mais centralmente com a informação[1]. Mas, temos que reconhecer, o cenário da modernidade é muito mais complexo do que isso. Muitos de nós temos sido apanhados num universo de eventos que não compreendemos plenamente e que parecem em grande parte estar fora de nosso controle. Não basta meramente inventar novos termos e novas definições, pois, de fato, em vez de estarmos entrando num período de pós-modernidade, estamos alcançando um período em que as consequências da modernidade estão se tornando extremamente radicalizadas e universalizadas, como nunca antes.
Os modos de vida produzidos pela modernidade nos desvencilharam de todos os tipos tradicionais de ordem social, de uma maneira que não tem precedentes na história da humanidade. As transformações trazidas pela modernidade são mais profundas que as dos períodos precedentes. Elas estabeleceram formas de interconexão social que cobrem o globo e vieram, ainda, a alterar algumas das mais íntimas e pessoais características de nossa existência cotidiana[2].
São diversas as descontinuidades que separam as instituições sociais modernas das ordens sociais tradicionais. Uma é o ritmo de mudança, que a modernidade põe em movimento de maneira extrema – não só no que se refere à tecnologia, mas também em todas as outras esferas. Em segundo lugar, vem o escopo da mudança. À medida que várias áreas do globo são postas em interconexão, ondas de transformação social se espalham através de praticamente toda a superfície da Terra. Uma terceira característica diz respeito à natureza intrínseca das instituições modernas. Algumas formas sociais modernas simplesmente não se encontram em períodos históricos precedentes – tais como o sistema político do estado-nação, a dependência por atacado da produção de fontes de energia inanimadas ou a completa transformação em mercadoria de produtos e trabalho assalariado[3].
A modernidade, como qualquer um de nós que vive no início do século XXI pode constatar, é um fenômeno de dois gumes. O desenvolvimento das instituições sociais modernas e sua difusão em escala mundial criaram oportunidades bem maiores para os seres humanos gozarem de uma existência segura e gratificante que qualquer tipo de sistema pré-moderno. Mas a modernidade também tem o seu lado sombrio, que se tornou muito aparente no século da guerra – o século XX.
A ciência moderna empregou todos os esforços para tornar-se tecnicamente eficaz. A técnica, por sua vez, esvaziou a ciência de todo e qualquer projeto que não lhe servisse. O homem ocidental construiu seu próprio mundo por meio da técnica e da manipulação das coisas. E as coisas reduzidas à manipulação tornam-se passivas, privadas de independência e consistência própria, em outras palavras, privadas de “ser”. A atitude diante das coisas e do mundo leva o homem a tornar-se ele mesmo uma mercadoria[4]. Segundo Heidegger percebeu, o avanço da técnica traz em seu movimento a profunda e constante desumanização do homem.
Por conseguinte, com a crescente mecanização da vida moderna, com o desenvolvimento tecnológico, abrindo inúmeras oportunidades de construir o próprio conhecimento, aprofunda-se a crise do humanismo. Ou seja, esta constante capacidade da técnica de se elevar além do homem provoca também uma reação colateral no próprio ser humano.
O que aconteceu com o ser do homem? Todos os valores que pareciam seguros se perderam? Vivemos um tempo de incompreensão, um tempo de não-valor.
Diariamente, nos encontramos diante do niilismo econômico da fome “sagrada” do dinheiro, do niilismo político do poder pelo poder, do niilismo cínico que destrói sempre os mais fracos, do niilismo social que para libertar tem que matar, do niilismo vital que esvazia a vida de sentido, em que a vida não vale mais nada.
Utilizando a imagem criada por Nietzsche, a morte de Deus condenou-nos ao vazio metafísico – o qual se confunde com a violência. Vivemos na assim chamada cultura dos simulacros, na qual não há mais nada, não existem verdades, não há valores, tampouco crenças: nem naturais nem sobrenaturais; não há convicções, mesmo no que diz respeito à ciência. Os grandes mistérios estão mortos, uma vez que não permitimos que afetem a nossa vida concreta. E, ainda, não nos sentimos felizes e alegres diante da história da criação do mundo, de nossa origem e de nosso destino. Não celebramos a grande alegria que nos foi dada. A modernidade instituiu uma cultura centrada no homem, sua segurança, seu conforto, revelando e desvelando, no entanto, um novo homem: que, desprovido de arte e de mística, ignora o mundo que o cerca.
Diante do estado de coisas que descrevi, conclui-se que o homem contemporâneo vê-se envolvido por uma nova inquietação. Tal aflição tem a ver com o fato de o ser humano moderno amar-se e conhecer-se capaz de tudo; percebe-se como o mestre da própria vida e da própria morte. Ao mesmo tempo, porém, presente à sensação de poder fazer tudo, o homem experimenta a impossibilidade de não poder fazer grande coisa. A crise de nossa cultura moderna de certo modo nasce desta contradição.
A intenção da modernidade não era a de superar uma rigidez de matriz metafísica que sufocava a liberdade do homem na gestão-transformação da realidade? A intenção do homem não era recriar a história abrindo-se a diversas novas possibilidades, utilizando a racionalização como nova ética em substituição à religião?
O que deu errado? Hoje vivemos em completa insegurança e sem qualquer unidade e solidariedade entre as nações diante dos problemas planetários. Um iminente conflito total entre superpotências pode vir a erradicar completamente a humanidade. Portanto, o nosso maior inimigo somos nós mesmos e a nossa própria razão, pois, no fim, a razão não possui certezas, cada um a pensa como quer.
Nesse sentido, a fim de retratar os modernos desígnios e o lugar preciso da razão nos dias de hoje, que fale o poeta, pois ninguém melhor que Drummond para nos descrever a realidade:
[...] Aprenderás muitas leis, Luís Maurício. Mas se as esqueceres depressa,
outras mais altas descobrirás, e é então que a vida começa,

e recomeça, e a todo instante é outra: tudo é distinto de tudo,
e anda o silêncio, e fala o nevoento horizonte; e sabe guiar-nos o mundo.

Pois a linguagem planta as suas árvores no homem e quer vê-las cobertas
de folhas, de signos, de obscuros sentimentos, e avenidas desertas

são apenas as que vemos sem ver, há pelo menos formigas
atarefadas, e pedras felizes ao sol, e projetos de cantigas

que alguém um dia cantará, Luís Maurício. Procura deslindar o canto.
Ou antes, não procures. Ele se oferecerá sob forma de pranto

ou de riso. E te acompanhará, Luís Maurício. E as palavras serão servas
de estranha majestade. É tudo estranho. Medita, por exemplo, as ervas,

 enquanto és pequeno e teu instinto, solerte, festivamente se aventura
até o âmago das coisas. A que veio, que pode, quanto dura
essa discreta forma verde, entre formas?[5] [...]

Meu trabalho tem a difícil missão de tentar identificar os motivos de tal desilusão. Não é tarefa fácil, mas abordarei as teorias modernas de Descartes e Kant e identificarei como tais teorias fundaram a egolatria do homem, a construção de seus vínculos cegos e arrogantes e de sua exacerbada subjetividade como caminho para um poder infinito.



[1] Anthony Giddens, As consequências da Modernidade (São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991).
[2] Anthony Giddens, As consequências da Modernidade (São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991).
[3] Anthony Giddens, As consequências da Modernidade (São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991).
[4] Evilázio Teixeira, Modernidade e Pós-modernidade: Luzes e Sombras (Cadernos IHU Ideias, ano 4, nº 50, 2006).
[5] Carlos Drummond de Andrade, A Luís Maurício, Infante.

domingo, 28 de agosto de 2011

Abertura 1812 - Tchaikovsky

A Abertura de 1812 foi composta para a comemoração dos 70 anos do fracasso final de Napoleão Bonaparte ao tentar invadir a Rússia, em 1812. A obra apresenta tiros de canhões verdadeiros, como também apresenta fragmentos do hino da França e do hino czarista. A música começa com um tema inspirado no coro da igreja ortodoxa russa e vai se desenvolvendo sobre temas folclóricos russos.
Tchaikovsky deixa transparecer a sua alma russa, que muitos da época acreditaram não existir(por causa da sua aproximação com a música alemã), tornando-o alvo de injustas críticas.
Heloísa

Ícone de Jesus



Os ícones na tradição do cristianismo ortodoxo são uma janela para o divino.
Não existem imagens esculpidas na ortodoxia, porque isso foi vetado no Antigo Testamento.
No entanto, existem ícones, porque o próprio Deus se manifestou, assim, o conhecemos em sua epifania.
Não é qualquer um que pode pintar um ícone e um ícone precisa obedecer critérios teológicos rígidos para ser uma manifestação de Deus. O ícone é fruto da relação entre Deus, o artista e o homem que busca a Deus sem descanso.
Esse ícone mostra a face serena e severa de Deus, o qual consegue manifestar a perfeita misericórdia e a perfeita justiça.

Ecclesia Brasil

Nesse site vocês podem ter informações preciosas da fé cristã ortodoxa, uma maravilha para os que buscam ao seu Amado sem descanso.

http://www.ecclesia.com.br/

Seleção de Cantos Bizantinos


O  cristianismo ortodoxo praticamente não é conhecido no Brasil.
Mais místico, menos filosófico, mais intenso e exigente do que o catolicismo romano, ele, junto ao catolicismo, representa um importante capítulo na História dessa religião que mudou o mundo.
Deleitem-se com essa seleção de cantos bizantinos, que são um ícone: uma janela para o divino.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Centro Brasileiro de Estudos sobre o pensamento de Emmanuel Levinas


O CEBEL foi criado em 1999 devido à necessidade de organizar as experiências de mais de vinte anos de freqüentação do pensamento levinasiano por parte de vários estudiosos. Este trabalho vem se consolidando na forma de publicações diversas - teses, dissertações, traduções e ensaios – e encontros - semináios, congressos e debates formais e informais. Sobretudo, o crescente interesse com relação à obra do autor é que constituiu-se na motivação à organização do Centro. Conheça um pouco mais sobre o CEBEL clicando aqui.O CEBEL foi criado em 1999 devido à necessidade de organizar as experiências de mais de vinte anos de freqüentação do pensamento levinasiano por parte de vários estudiosos. Este trabalho vem se consolidando na forma de publicações diversas - teses, dissertações, traduções e ensaios – e encontros - semináios, congressos e debates formais e informais. Sobretudo, o crescente interesse com relação à obra do autor é que constituiu-se na motivação à organização do Centro. Conheça um pouco mais sobre o CEBEL clicando aqui.

Jogo

Encontrei esse jogo no site da revista Super Interessante. Não tem nada de filosófico nele, é apenas engraçado. Espero que se divirtam com as ''batalhas'' entre os filósofos.

http://super.abril.com.br/multimidia/filosofighters-english-633303.shtml

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

grupo de Estudos em Filosofia da religião: PUC de São Paulo

Grupo de Estudos em História das Religiões

trechos de um texto da aluna Leda Mondin

A filosofia de Dussel ganha importância por ter o diferencial de ser concebida fora dos limites da filosofia clássica, européia. Podemos mesmo considerá-la uma revolução epistemiológica. É uma filosofia que nasce na periferia excluída e tem como ponto de localização central a América Latina, lembrando que Dussel é argentino, vive no México, e analisa um contexto social que não lhe é estranho, e, sim, uma realidade que vivencia e conhece de perto.
A filosofia de Dussel se desenvolve considerando a realidade marginal da América Latina, sua história de dominação por nações estrangeiras e os “males de origem” que acumulou. O pensador nos abre os olhos para verificar o quanto a construção identitária dos povos colonizados está repleta de juízos de valor demeritórios e de considerações depreciativas e negativas, rebaixando-os a uma insignificância.
O filósofo tece compreensões que ajudam a desmistificar o discurso dos povos dominadores de que a realidade de subdesenvolvimento latinoamericano é culpa de seu povo inferior. Ao contrário, reforçará a tese de que existe, na verdade, um povo historicamente inferiorizado e sugado para além dos limites pelo colonizador. Então, apuramos nosso senso crítico aos compreendermos que a América Latina não foi descoberta, mas dominada, assaltada. Seus saberes foram desqualificados e silenciados. Os reflexos do massacre, que se perpetuou ao longo dos séculos, explodem na forma de miséria, exclusão, opressão e falta de perspectivas de um viver digno, que se verificam até a contemporaneidade. Há que se concordar com a tese de que, por ser vítima de todas essas circunstâncias a América Latina precisa construir a sua libertação.

domingo, 21 de agosto de 2011

Mozart - Requiem


O Requiem foi a última obra composta por Mozart. O compositor morreu antes de concluir a obra, deixando sugestões para a sua conclusão.  Franz Xaver Süssmayer finalizou a música seguindo as anotações de seu mestre.

Essa música é uma missa fúnebre que foi encomendada por um desconhecido. Mozart, obcecado pela própria morte, acreditou que estava escrevendo a obra para o seu próprio funeral.

A música traduz a relação de Mozart com a sua morte e apresenta forte influência religiosa.

Heloísa

sábado, 20 de agosto de 2011

amar ao amor, como ensinou Francisco de Assis

Onde está o amor? Essa é uma pergunta complicada ou simples? É fácil ver o amor de pais e filhos, o amor entre amigos. O amor é um fenômeno ou é um númeno? Há o amor em si?
Essa é talvez a questão do cristianismo. O cristianismo aposta que há sim o amor em si. O amor em si é o princípio criador. O amor em si precisou encarnar-se para sentir na carne o sofrimento dos seres amados. Não, não reduzamos o cristianismo a uma série de preceitos morais que, no fundo, procuram apenas ser meios de ajustar os homens a um tipo de obediência e comportamento que são, no fundo, o oposto do cristianismo. Ser cristão é apostar. Esse apostar não é um ato isolado que eu exerço agora e que daqui a duas horas não sofro as conseqüências. Apostar é continuar apostando. Apostar é saber que não se pode abandonar o jogo e que o peso dessa escolha recai apenas sobre ti, sobre tuas escolhas, sobre teu próprio destino eterno. Portanto, é preciso, para o cristão, apostar no amor em si. Não as manifestações de amor de predileção, como aqueles dos pais pelos filhos, ou os que temos pelos amigos. Jesus quando disse: amai vossos inimigos, estava dizendo nada mais do que isso: "Amai o amor, o amor em si, pois a manifestação mais correta do amor é aquela que tem predileção apenas ao amor, ao ato de amar e não escolhe esse ou aquele para amar. Amai! principalmente aos vossos inimigos pois é por eles que tu perceberás que teu amor é uma devoção sincera ao amor em sim, uma devoção cuja escolha é eterna e inegociável. Amai o amor, devotai-lhe a vida, pois é o amor quem cria e sustenta todas as coisas. Todo o resto lhe será dado por acréscimo, segundo as suas necessidades”.
Longe de ser uma religião para fracos, para os que estão em fuga, para os covardes, a mensagem cristã de amor incondicional ao amor em si, é um apelo à força de alma, ao enfrentamento sem medo e a aposta no amor, ainda que se enfrente qualquer risco, mesmo o risco de morte. Não esperemos que sejam as instituições cristãs as maiores provas desse amor, pois nem todos os homens que as compõem possuem esse mesmo grau de compreensão de sua fé. Esperemos isso de nós, apenas de nós.
Vejam se ama o amor quem maquina em seu coração projetos de vingança. Veja se ama o amor quem ama o dinheiro. Veja se ama o amor quem teme pelo próprio futuro, num apego desmedido à própria vida.
Amar o amor exige desapego total de si e de tudo o que se julga possuir. Exige estar pobre e nu diante da riqueza do amor em si, riqueza que torna espúrio e ridículo tudo o que há no mundo.
Amai o amor, como se ama o que há de mais sagrado. O amor é a única riqueza que se deve buscar no mundo. E se reparares bem, tu és aquilo que escolheste para amar.
Compreenda que quando Agostinho disse: "Ame, e fazes o que quiseres" ele não estava ensinando uma regra de vida licenciosa. Ele estava ensinando que a única lei que existe para o cristão é o amor e que ele encerra toda a verdadeira justiça. De igual modo Kierkegaard nas obras do amor falava que o cristianismo é a religião que ensina que devemos amar, ou seja, que para o cristão o amor é um imperativo, um dever.
Como o amor pode ser um dever? Se pergunta Kierkegaard? Como amar o próximo como amo meus filhos?
Isso não seria impossível?
Não se deve desistir de buscar as impossibilidades, porque se tivermos de nos contentar com as possibilidades jamais colocaremos mais amor no mundo.
No fundo sabemos que essa é uma regra de simples compreensão, que talvez seja o único universal e no entanto, ela é de uma impossibilidade de cumprimento.
A filosofia é um amor, amor ao conhecimento. Por isso ela é um desdobramento do amor ao amor, pois amar o amor exige amar a verdade.
Mas isso, é papo para outra hora...
Rochelle Cysne


Des hommes et des dieux"


Queridos,
Esse filme é absolutamente lindo.
Ele mostra a convivência feliz e saudável entre monges trapistas e uma comunidade de muçulmanos.
Minha irmã que me indicou. Vejam, vocês serão transformados!
O amor é o sustento da vida.
beijos...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Fotografia francesa



Imagem do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson

Heloísa

Beethoven - segundo movimento da sétima sinfonia, em lá maior.


A sinfonia foi composta entre os anos de 1811 e 1812. Nessa época, Beethoven já havia apresentado graves sintomas de surdez, entrando em depressão profunda. Desesperado, Beethoven se isolou do mundo, o que o levou a uma crise criativa. Nesse período, criou poucas músicas, no entanto criou uma de suas maiores sinfonias.
Depois dessa breve explicação sobre o estado emocional em que o grande gênio se encontrava, deixo que a música fale por si só.
Heloísa

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Centro de Defesa dos Direitos Humanos

http://www.cddh.org.br/

Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos

http://www.cebela.org.br/site/

Grupo de Estudos Espinosa e Nietzsche

http://www.gr-spin.org/

Centro do Pensamento Antigo

http://www.e-science.unicamp.br/cpantigo/

Associação Brasileira de Filosofia e Psicanálise

http://www.abrafp.org/

Sociedade Brasileira de Filosofia Medieval

http://www.sbfm.net.br/sbfm/

Lino Damião, pintor angolano

http://linodamiao.blogspot.com/search?updated-max=2010-09-25T16%3A37%3A00%2B01%3A00&max-results=1

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Deixe-me

Deixe-me calar tudo aquilo que grita
Deixe-me cativar tudo aquilo que se esquiva
Deixe-me soletrar tudo aquilo que é sem nome, sem face, não reconhecido
Deixe-me salientar o que está esquecido
Deixe-me conquistar o que jaz perdido
Deixe-me abençoar o que é profano
E deixe-me enloquecer ainda mais o que é insano.

Perdoa-me quando a minha dureza lhe magoar
Perdoa-me quando minha rudeza não souber lhe afeiçoar

Mas deixe-me dizer o quanto de si é preciso em mim
e o quanto de nós ainda está prestes a nascer...

Deixe-me amar apenas o que não suportar em você
Porque o que eu amo, é poder amar sem escolher
Deixe-me sempre cuidar de você
Porque a catástrofe futura é lhe perder de vista...

Roche

Stand by me - Playing for change

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Lucien Freud


Pintura de Lucien Freud.
Faremos um série de postagens com pinturas dele.
Espero que apreciem como eu.
Cometários e sugestões são sempre bem vindos!

agenda filosófica São Paulo

Oficina sobre Tráfrico de Pessoas, Trabalho escravo e gênero. Assentamento Paulo Freire

Oficina de Horta Orgânica

Pacto Nacional pela erradicação do Trabalho Escravo no Brasil

Cultura Ameríndia

Primeira Universidade Indígena do Brasil

Cultura Judaica

aulas de hebraico

Filosofia Judaica

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

documentários de verdade

Viva Sérvia!!!

eventos de Filosofia// anpof

elogio à preguiça

elogio à preguiça: agenda no Rio

elogio à preguiça: agenda em Brasília

Genocídio em Ruanda

A esquerda nos EUA!

Viva Naomi Klein!

Os cem melhores links para clicar antes de morrer

Adoro Handel!!!

sejam bem vindos!!!

Olá queridos filósofos!

É com muita alegria que os recebo para compartilharmos conhecimentos, saudações, músicas,vídeos, poemas, alegrias, melancolias tomando um bom vinho, ao som de Tchaikovsky!

Esse é o nosso espaço na web! Todos podemos cooperar para que esse vírus filosófico se alastre rapidamente!

beijos...