terça-feira, 25 de setembro de 2012


O REI DA GLÓRIA


“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória... Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em um jumento, num jumentinho, cria de animal de carga”. (Salmo 24:7, Mateus 21:5).
        Sempre que a palavra “glória” é mencionada o que vem a memória como associação é algo esplendoroso, cheio de “glamour”, de extrema imponência e poder. Na Bíblia existem muitas menções feitas a “Glória de Deus” e também de Jesus, sentado a direita do trono de Deus, coroado de “Glória e Honra”.
        Se observarmos atentamente em nosso dia-a-dia estamos sempre buscando alcançar a glória nos objetivos de nossas vidas. Mas, o que é a “gloria” aos olhos dAquele que foi coroado por ela, diante Deus e de sua encarnação terrena? Creio ser um conceito bem diferente do que habitualmente pensamos.
        Enquanto a grande maioria deseja para seus filhos que eles venham a nascer em um “berço de ouro”; Deus preferiu que o seu único filho nascesse num estábulo e dentro de uma manjedoura fosse acolhido. Muitos gastam tudo o que tem para que seus filhos tenham boas casas e carros no maior e melhor conforto possível. Mas Deus preferiu que seu filho andasse a pé, ou de carona e não tivesse sequer onde reclinar a cabeça. Enquanto o nosso desejo é que nossos filhos vivam eternamente, Deus preferiu que seu precioso filho morresse jovem e vítima de uma injusta condenação.
        O que podemos dizer dos métodos de criação de Deus para com seu filho? Aparentemente poderíamos dizer que sendo Ele dono de tudo o que há, foi extremamente avarento e cruel com seu Unigênito. Porém, é necessário que levemos em consideração a seguinte óptica de análise: de que adianta toda a beleza e pompa extrínseca de se ter nascido em um “berço de ouro”, quando o mais íntimo do coração é um estábulo de manjedoura vazia? Qual a utilidade de travesseiros macios e lençóis de cetim se o reclinar da cabeça traz apenas insônia e pesadelos de uma vida sem norte? Para que se viver eternamente quando o único sentido da vida talvez seja morrer em prol daquilo que acreditamos?
        Atentemos então, para a simplicidade de algo tão grandioso. Para Deus, o que realmente importa é o conteúdo e não a forma, a glória consiste na genuinidade das coisas. Pois, ao entendermos isso é que conseguimos deixar que aconteça o indispensável para nossa salvação no sentido mais amplo da palavra: o nascimento da Verdade ou o clarear de nossos olhos para enxergamos realmente o mundo como ele é. A verdade quando concebida no âmago do estábulo do nosso ser e colocado na manjedoura de nossa percepção, faz com que vivamos felizes nas mais adversas situações e tenhamos o sono dos justos mesmo que os travesseiros sejam de pedras. Nos dispõe a entregar a vida tranqüilamente pela única causa que realmente importa, o amor.
        As vezes queremos ver a Glória de Deus entrar em nossas vidas pelos portais de bronze de conquistas faraônicas. No entanto, Deus quer entrar em nossas vidas montado num jumento nos trazendo a real felicidade. Olhamos para o céu e esperamos que ele se abra para que desça um milagre e nos esquecemos que já é um milagre abrirmos os olhos e contemplarmos a multiplicidade da vida que nos cerca.


                                               Márcio Cristóvão 
                                                       “EU”...

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